Nenhum
trecho da Bíblia apresenta um mais nítido contraste entre o modo de vida do
crente cheio do Espírito e aquele controlado pela natureza humana pecaminosa do
que Gálatas 5.16-26.
Paulo não
somente examina a diferença geral do modo de vida desses dois tipos de crentes,
ao enfatizar que o Espírito e a carne
estão em conflito entre si, mas também inclui uma lista específica tanto das obras da carne, como do
fruto do Espírito.
OBRAS
DA CARNE.
“Carne”
(gr. sarx) é a natureza pecaminosa com seus desejos corruptos, a qual continua no cristão após a
sua conversão, sendo seu inimigo mortal (Rm 8.6-8,13; Gl 5.17,21). Aqueles que
praticam as obras da carne não poderão herdar o reino de Deus (Gl 5.21). Por
isso, essa natureza carnal pecaminosa precisa ser resistida e mortificada numa guerra
espiritual contínua, que o crente trava através do poder do Espírito Santo (Rm
8.4-14; Gl 5.17 nota). As obras da carne (5.19-21) incluem:
(1) “Prostituição” (gr. pornéia), i.e., imoralidade
sexual de todas as formas. Isto inclui, também, gostar de quadros, filmes ou
publicações pornográficos (cf. Mt 5.32; 19.9; At 15.20,29; 21.25; 1Co 5.1). Os
termos moichéia e pornéia são traduzidos por um só em português: prostituição.
(2) “Impureza” (gr. akatharsia), i.e.,
pecados sexuais, atos pecaminosos e vícios, inclusive maus pensamentos e
desejos do coração (Ef 5.3; Cl 3.5).
(3) “Lascívia” (gr. aselgeia), i.e.,
sensualidade. É a pessoa seguir suas próprias paixões e maus desejos a ponto de
perder a vergonha e a decência (2Co 12.21).
(4) “Idolatria” (gr. eidololatria), i.e., a
adoração de espíritos, pessoas ou ídolos, e também a confiança numa pessoa,
instituição ou objeto como se tivesse autoridade igual ou maior que Deus e sua
Palavra (Cl 3.5).
(5) “Feitiçarias” (gr. pharmakeia), i.e.,
espiritismo, magia negra, adoração de demônios e o uso de drogas e outros
materiais, na prática da feitiçaria (Êx 7.11,22; 8.18; Ap 9.21; 18.23).
(6) “Inimizades” (gr. echthra), i.e.,
intenções e ações fortemente hostis; antipatia e inimizade extremas.
(7) “Porfias” (gr. eris), i.e., brigas,
oposição, luta por superioridade (Rm 1.29; 1Co 1.11; 3.3).
(8) “Emulações” (gr. zelos), i.e.,
ressentimento, inveja amarga do sucesso dos outros (Rm 13.13; 1Co 3.3).
(9) “Iras” (gr. thumos), i.e., ira
ou fúria explosiva que irrompe através de palavras e ações violentas (Cl 3.8).
(10) “Pelejas” (gr. eritheia), i.e.,
ambição egoísta e a cobiça do poder (2Co 12.20; Fp 1.16,17).
(11) “Dissensões” (gr. dichostasia), i.e., introduzir
ensinos cismáticos na congregação sem qualquer respaldo na Palavra de Deus (Rm
16.17).
(12) “Heresias” (gr. hairesis), i.e.,
grupos divididos dentro da congregação, formando conluios egoístas que destroem
a unidade da igreja (1Co 11.19).
(13) “Invejas” (gr. fthonos), i.e.,
antipatia ressentida contra outra pessoa que possui algo que não temos e
queremos.
(14) “Homicídios” (gr. phonos), i.e.,
matar o próximo por perversidade. A tradução do termo phonos na Bíblia de
Almeida está embutida na tradução de methe, a seguir, por tratar-se de práticas
conexas.
(15) “Bebedices” (gr. methe), i.e.,
descontrole das faculdades físicas e mentais por meio de bebida embriagante.
(16) “Glutonarias” (gr. komos), i.e.,
diversões, festas com comida e bebida de modo extravagante e desenfreado,
envolvendo drogas, sexo e coisas semelhantes.
As palavras
finais de Paulo sobre as obras da carne são severas e enérgicas: quem se diz crente
em Jesus e participa dessas atividades iníquas exclui-se do reino de Deus,
i.e., não terá salvação (5.21; ver 1Co 6.9 nota).
O
FRUTO DO ESPÍRITO.
Em
contraste com as obras da carne, temos o modo de viver íntegro e honesto que a Bíblia chama “o fruto
do Espírito”. Esta maneira de viver se realiza no crente à medida que ele
permite que o Espírito dirija e influencie sua vida de tal maneira que ele (o
crente) subjugue o poder do pecado, especialmente as obras da carne, e ande em comunhão
com Deus (ver Rm 8.5-14 nota; 8.14 nota; cf. 2Co 6.6; Ef 4.2,3; 5.9; Cl 3.12-15;
2Pe 1.4-9).
O
fruto do Espírito inclui:
(1) “Caridade” (gr. agape), i.e., o
interesse e a busca do bem maior de outra pessoa sem nada querer em troca (Rm
5.5; 1Co 13; Ef 5.2; Cl 3.14).
(2) “Gozo” (gr. chara), i.e., a
sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas bênçãos, nas promessas e na
presença de Deus, bênçãos estas que pertencem àqueles que creem em Cristo (Sl
119.16; 2Co 6.10; 12.9; 1Pe 1.8; ver Fp 1.14 nota).
(3) “Paz” (gr. eirene), i.e., a
quietude de coração e mente, baseada na convicção de que tudo vai bem entre o
crente e seu Pai celestial (Rm 15.33; Fp 4.7; 1Ts 5.23; Hb 13.20).
(4) “Longanimidade” (gr. makrothumia), i.e.,
perseverança, paciência, ser tardio para irar-se ou para o desespero (Ef 4.2;
2Tm 3.10; Hb 12.1).
(5) “Benignidade” (gr. chrestotes), i.e., não
querer magoar ninguém, nem lhe provocar dor (Ef 4.32; Cl 3.12; 1Pe 2.3).
(6) “Bondade” (gr. agathosune), i.e., zelo
pela verdade e pela retidão, e repulsa ao mal; pode ser expressa em atos de
bondade (Lc 7.37-50) ou na repreensão e na correção do mal (Mt 21.12,13).
(7) “Fé” (gr. pistis), i.e.,
lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa,
compromisso, fidedignidade e honestidade (Mt 23.23; Rm 3.3; 1Tm 6.12; 2Tm 2.2;
4.7; Tt 2.10).
(8) “Mansidão” (gr. prautes), i.e.,
moderação, associada à força e à coragem; descreve alguém que pode irar-se com
eqüidade quando for necessário, e também humildemente submeter-se quando for
preciso (2Tm 2.25; 1Pe 3.15; para a mansidão de Jesus, cf. Mt 11.29 com 23; Mc
3.5; a de Paulo, cf. 2Co 10.1 com 10.4-6; Gl 1.9; a de Moisés, cf. Nm 12.3 com
Êx 32.19,20).
(9) “Temperança” (gr. egkrateia), i.e., o
controle ou domínio sobre nossos próprios desejos e paixões, inclusive a
fidelidade aos votos conjugais; também a pureza (1Co 7.9; Tt 1.8; 2.5).
O ensino
final de Paulo sobre o fruto do Espírito é que não há qualquer restrição quanto
ao modo de viver aqui indicado. O crente pode — e realmente deve — praticar
essas virtudes continuamente. Nunca haverá uma lei que lhes impeça de viver
segundo os princípios aqui descritos.
Adaptado dos Escritos de: DONALD C.
STAMPS
Fonte
Original:
Bíblia de Estudo Pentecostal
Editora: CPAD
Fonte: perto-fim.blogspot.com.br